Relação entre saúde mental e doenças cardíacas: como o estresse e a ansiedade afetam o coração

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 30/10/2024 18h40, última modificação 30/10/2024 18h40
A cardiologista Raíssa Galvão explica sobre essa relação em entrevista ao Palavra Aberta

Sabemos que a saúde mental não influencia apenas o bem-estar geral, mas também desempenha um papel importante na saúde cardiovascular. Diversos estudos indicam que o estresse, a ansiedade e a depressão podem aumentar o risco de doenças cardíacas, uma vez que essas condições estimulam a liberação de hormônios que afetam diretamente o coração e os vasos sanguíneos.

 

Para entender melhor essa relação, o programa Palavra Aberta, que nessa edição tem a parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), através do programa institucional de Bolsas de Extensão com o projeto Saúde, Corpo e Mente, entrevistou, nesta quarta-feira, 30, a cardiologista Raíssa Galvão, que esclarece os efeitos das condições emocionais no coração e a importância do autocuidado na saúde integral.

 

Segundo a especialista, a relação entre mente e corpo é indiscutível, e quando o assunto é o coração, essa conexão se torna ainda mais clara. "Para se sentir fisicamente saudável, é preciso estar bem emocionalmente. O estresse e a ansiedade, por exemplo, desencadeiam uma série de reações bioquímicas no corpo, aumentando os níveis de cortisol, o que eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca. Esses fatores podem predispor uma pessoa a doenças como hipertensão e infarto", explicou.

 

Pacientes que sofrem de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, geralmente têm menos aderência a tratamentos para doenças crônicas. Além disso, o impacto emocional de conviver com uma doença cardíaca crônica pode gerar ainda mais problemas mentais, criando um ciclo vicioso entre as condições físicas e psicológicas - assinala a cardiologista.

 

A importância do diagnóstico e do autocuidado

 

Raíssa Galvão destaca que muitos pacientes, especialmente mulheres de meia-idade, não recebem diagnósticos precisos de problemas cardíacos devido ao estigma e à rotulação de suas queixas como "sintomas psicológicos". Por isso, é fundamental que o profissional de saúde leve em consideração tanto os aspectos físicos quanto os mentais dos pacientes, mantendo um olhar atento aos sintomas de estresse e ansiedade que podem estar afetando a saúde cardíaca.

 

Incorporar hábitos saudáveis é uma base para a prevenção de doenças cardiovasculares e mentais. Atividade física, alimentação equilibrada, uma boa noite de sono e estratégias de controle de estresse são fundamentais. Práticas como a meditação, o mindfulness e a redução do uso de telas antes de dormir ajudam a promover o relaxamento, contribuindo para uma saúde integral.

 

"A saúde mental e cardiovascular estão intrinsecamente ligadas. Cuidar do corpo envolve, necessariamente, cuidar também da mente. Investir em práticas de autocuidado e ter um acompanhamento médico que valorize o bem-estar emocional são passos essenciais para uma vida mais saudável e equilibrada", enfatiza Raíssa Galvão.

 

Saúde infantil e excesso de telas: Impactos físicos e emocionais

 

Raíssa Galvão discutiu ainda como o uso excessivo de telas pelas crianças impacta a saúde mental e física, incluindo possíveis problemas cardiovasculares. Ela destacou a dificuldade de limitar o tempo de tela devido à sua forte atração, que oferece estímulos imediatos e dissociados da realidade, afetando o desenvolvimento cerebral e a capacidade de socialização das crianças. A prática de atividade física, essencial para o desenvolvimento infantil, acaba sendo prejudicada, o que pode levar a problemas como obesidade, hipertensão e até diabetes em faixas etárias jovens, condições antes associadas.

 

Além disso, Galvão enfatiza a importância de hábitos saudáveis e do autocuidado, inclusive para adultos, abordando como pensamentos negativos e estresse podem influenciar a saúde cardiovascular. Ela ressaltou a relevância do trabalho multidisciplinar na medicina para um tratamento mais eficaz e integral, que considera não apenas um aspecto.

 

Por fim, um cardiologista incentivou a busca de um equilíbrio, destacando que a longevidade com qualidade depende do autocuidado contínuo, do manejo do estresse e da facilidade das dificuldades próprias, sem a pressão das redes sociais.

 

Confira a entrevista na íntegra


 

Fonte: TV Assembleia

Edição: Site TV Assembleia