Pacto da sociedade civil propõe acabar com a fome até 2030

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 25/05/2023 07h10, última modificação 24/05/2023 14h38
Movimento quer reduzir o desperdício de alimentos no Brasil

Taxa de juros e ambiente de crescimento econômico adequados, aprovação do novo marco regulatório fiscal, da reforma tributária e da política do ganho real para o salário mínimo são metas integradas para a retirada de pessoas da pobreza, apontou o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil. 

 

A declaração foi dada nesta terça-feira (23) no lançamento do Pacto contra a Fome, movimento suprapartidário e multissetorial que tem o objetivo de erradicar a fome no Brasil até 2030 e reduzir o desperdício de alimentos no Brasil. O evento contou com a presença de lideranças do governo, academia, empresariado, entidades não governamentais e religiosas, entre outros. 

 

Segundo o ministro, ainda este ano, o governo pretende retirar cerca de 8,5 milhões de famílias, aproximadamente 20 milhões de pessoas, da extrema pobreza. A proposta, portanto, se soma ao que busca a mobilização da sociedade civil.

 

O movimento tem o objetivo de “engajar toda a sociedade para erradicar a fome de maneira estrutural e permanente e reduzir o desperdício em toda a cadeia de alimentos”. Além disso, pretende que ninguém passe fome no Brasil até 2030 e, para 2040, que todos no país estejam bem alimentadas. 

 

Segundo os organizadores, a atuação será feita por meio da articulação, da inteligência estratégica e do reconhecimento de boas práticas para construir pontes entre a sociedade civil organizada, o setor privado e o governo. 

 

A ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, também presente no evento, avalia que essa parceria entre os setores, dentro do Pacto Contra a Fome, é fundamental para erradicar a miséria e a fome no país. “Quando nós falamos de fome, nós não podemos esquecer que um Brasil que alimenta o mundo desperdiça quase que oito vezes o necessário para matar a fome, então nós temos que garantir uma rede junto com a sociedade civil organizada e o terceiro setor de cultura de conscientização em relação a isso.” 

 

“Da mão que planta semente até a mão que consome, passando pelo transporte e pela distribuição desses alimentos, nós estamos falando de alimentos desperdiçados, de perdas que seriam suficientes para alimentar oito meses da fome no Brasil”, disse a ministra. 

 

Simone Tebet ressaltou que a fome é um problema complexo e que não é de fácil solução. “O governo federal tem recursos e orçamento para, através da assistência, garantir o Bolsa Família e toda rede de proteção às famílias”, disse. 

 

“Mas isso envolve algo mais, envolve não só fazermos o dever de casa, de termos políticas públicas eficientes para que os R$ 160 bilhões do Bolsa Família possam chegar a quem realmente precisa, tirando do cadastro quem está ganhando de forma irregular, como acontecia no governo passado, portanto, evitar desperdício com o dinheiro público”, acrescentou.

 

Em 2022, cerca de 33 milhões de brasileiros, ou 15,5% da população, estavam no nível mais grave de insegurança alimentar. Isso ocorre quando a pessoa não tem comida ou recursos para comprar alimentos, quando só faz uma refeição diária ou, pior ainda, passa um dia ou mais sem comer nada. Ao todo, são 125 milhões de brasileiros com algum nível de insegurança alimentar.

 

Desde 2018, o índice tem crescido. O II Inquérito Nacional da Insegurança Alimentar no Contexto da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), mostrou que a pandemia acentuou esse cenário. Em 2021, outro estudo, em parceria com a Integration Consulting, analisou as causas da fome e do desperdício de alimentos. Segundo a pesquisa, existem grupos mais vulneráveis: famílias chefiadas por mulheres (19,3%), população pretas e pardas (18,1%) e população urbana (15%).

 

Eu quero ajudar quem está na extrema pobreza em cada município e estado do Brasil. Nós queremos ver todos os brasileiros e brasileiras conquistando a sua carteira de trabalho assinada e devolvendo o cartão do Bolsa Família"

Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social

Como chefe da pasta que tem como maior missão tirar o Brasil do mapa da insegurança alimentar, Wellington Dias lembra que já viveu a fome e venceu essa batalha, e agora quer ajudar a população a vencer também.

 

“Eu quero ajudar quem está na extrema pobreza em cada município e estado do Brasil. Nós queremos ver todos os brasileiros e brasileiras conquistando a sua carteira de trabalho assinada e devolvendo o cartão do Bolsa Família. Nós vamos capacitar as pessoas que estão no programa e no Cadastro Único para as oportunidades de emprego e empreendedorismo”, afirmou.

 

A ministra do Planejamento também reforçou que a fome é inaceitável. “Por que o Brasil, um país tão rico, ainda tem uma população tão miserável, onde milhões de crianças dormem com fome?”, indagou Simone Tebet.

 

Para a idealizadora do Pacto Contra a Fome, Geyze Diniz, é fundamental a integração de todos os setores. “Quando nos juntamos, o poder é muito maior, a dimensão que alcançamos é muito maior. Aumenta a capilaridade e nós atingimos mais pessoas”, disse.

 

“Nós não temos todas as respostas, mas temos os caminhos e muita vontade de fazer isso acontecer. O Pacto Contra a Fome é um movimento da sociedade civil. Queremos combater a fome e reduzir o desperdício de alimentos de maneira estrutural e permanente”, apontou Geyze Diniz.

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, recordou que o estado conta com 107 restaurantes Bom Prato, que distribuem cerca de 135 mil refeições diárias, mas ainda assim o índice da fome não está caindo. “Combater a fome é um grande desafio e, se nós não unirmos forças, se não aproveitarmos uma oportunidade com essa, não vamos conseguir. Essa união de esforços é que nos dá esperança de que vamos avançar”, comentou.

 

O Pacto contra a Fome tem a meta de que em 2030 o Brasil não tenha nenhuma pessoa com fome e que em 2040 toda a população esteja bem alimentada. O movimento promove a articulação entre governo, setor privado e sociedade civil.

 

Também estiveram presentes no evento o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, as secretárias nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional, Lilian Rahal, de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único, Letícia Bartholo, de Renda da Cidadania, Eliane Aquino, o secretário nacional de Assistência Social, André Quintão, a secretária extraordinária de Combate à Fome e à Pobreza, Valéria Burity, além do ministro presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

 

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Fonte: Agência Brasil/MDS

Imagem: Coletivo Banquetaço

Edição: Site TV Assembleia