Saúde: acesso de adolescentes às formas de prevenção ao HIV e à Aids

por Ângela Núbia Carvalho Sousa publicado 04/10/2023 17h50, última modificação 04/10/2023 17h50
Protocolo recomenda a indicação da PrEP para adolescentes sexualmente ativos a partir de 15 anos de idade

Desde 2022, o Ministério da Saúde (MS) possibilita a prescrição da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV para adolescentes acima de 15 anos que pesem acima de 35 quilos, sejam sexualmente ativos e apresentem risco aumentado para a infecção pelo vírus. No entanto, o número de dispensações da profilaxia para essa população ainda é baixo. Para mudar essa realidade, auxiliar profissionais de saúde e informar adolescentes sobre esse direito, a Pasta tem realizado diversas ações de divulgação de informações e protocolos que visam ampliar a oferta de insumos de prevenção ao HIV e à Aids, inclusive a PrEP para adolescentes.

 

A PrEP, uma das formas de prevenção ao HIV, consiste em tomar comprimidos antes das relações sexuais, de forma a preparar o organismo para enfrentar um possível contato com o vírus. Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de PrEP, a ampliação das opções e estratégias de prevenção para o público de jovens e adolescentes é fundamental para a redução de casos de infecção pelo HIV no atual cenário da epidemia no Brasil.

 

Conforme Tatianna Alencar, analista de Políticas Sociais do Ministério da Saúde, a política brasileira de HIV e Aids reconhece que intervenções em prevenção isoladas são pouco eficazes para evitar novas infecções pelo HIV e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), pois é necessário responder a diferentes fatores de vulnerabilidade à transmissão do HIV. Esses fatores atuam de forma dinâmica em diferentes condições sociais, econômicas, culturais e políticas.

 

Os dados dos últimos boletins epidemiológicos do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (Dathi/SVSA/MS) mostram que, nos últimos quatro anos, 41,9% dos casos de infecções pelo HIV ocorreram em pessoas com idades entre 15 e 29 anos. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense, 2019) aponta a diminuição do uso de preservativo entre adolescentes. Essas informações indicam a necessidade de agir de forma mais articulada junto a essa população, em conjunto com profissionais de saúde e da educação, inclusive, para a oferta de PrEP.

 

O Ministério da Saúde orienta a estratégia da “Prevenção Combinada”, que indica o uso combinado de intervenções para proteção contra a epidemia de HIV e Aids. Essas ações devem ser centradas nas pessoas, nos grupos aos quais elas pertencem e na sociedade em que estão inseridas, considerando as especificidades dos sujeitos e dos seus contextos.

 

A PrEP é uma das intervenções listadas na Prevenção Combinada e baseia-se no uso de antirretrovirais. “É fundamental informar e ofertar a Prevenção Combinada para adolescentes, principalmente os pertencentes às populações-chave e prioritárias, inclusive a profilaxia pré-exposição de risco, para diminuir os casos de infecção pelo HIV”, afirma Tatianna Alencar.

 

Serviços e profissionais de saúde para ampliar a oferta

 

Seguindo a recomendação do Estatuto da Criança e Adolescente, o Dathi reforça a necessidade de garantir acesso a serviços, orientações e consultas de saúde aos adolescentes sem que haja a obrigatoriedade de presença ou autorização de pais ou responsáveis, de modo a respeitar o direito à privacidade e ao sigilo, exceto nas situações de necessidade de internação ou de risco de vida.

 

A atual gestão tem promovido diálogos virtuais com gestores, profissionais de saúde e público em geral visando elaborar estratégias para enfrentar os desafios específicos do acesso à prevenção ao HIV e outras ISTs. O tema da expansão da demanda e da oferta de PrEP para adolescentes foi abordado no terceiro evento dos “Diálogos em Prevenção do HIV”. Além de técnicos do Dathi, os encontros virtuais contam com a participação de convidados externos e a interação do público por meio do chat.

 

Realizados quinzenalmente, os eventos são abertos à participação de qualquer pessoa com interesse nos assuntos discutidos.

 

Confira alguns dos diálogos agendados em webinar.aids.gov.br.

 

 

 

Fonte: Ministério da Saúde

Imagem: Unsplash