Fábio Novo destaca reconhecimento de Esperança Garcia como a primeira advogada do Brasil

por Iury Aragão publicado 23/05/2023 13h50, última modificação 23/05/2023 14h19
Esperança Garcia escreveu carta em 1770, ao governador da Capitania, denunciando violência sofrida por mulheres e crianças

“Peço a Vossa Senhoria pelo amor de Deus ponha aos olhos em mim ordenando digo mandar ao procurador que mande para a fazenda de onde me tirou para eu viver com meu marido e batizar minha filha”. Esse é um trecho da carta que Esperança Garcia escreveu ao governador da Capitania denunciando violência que ela e seus filhos sofriam e requerendo retornar à fazenda de Algodões.

 

Essa carta foi encontrada pelo pesquisador Luiz Mott, em 1979, no Arquivo Público do Piauí. Apenas em 2017 a escrita foi reconhecida como uma petição - um documento que descrevia os maus tratos sofridos e pedia providências. A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI), após estudos da Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra, em 2017, reconheceu Esperança Garcia como a primeira advogada do estado. Em novembro de 2022, a OAB Nacional reconheceu a piauiense como a primeira advogada do Brasil e decidiu colocar um busto dela na sede nacional.

 

Fábio Novo (PT), então, esteve em Brasília na segunda-feira (22), em evento que a OAB, com a presença dos 26 estados e do Distrito Federal, recebeu, do Piauí, o busto de Esperança Garcia para ser colocado em sua sede. A obra é do artista Braga Tepi.

 

O parlamentar argumentou que além de ser marcante tal reconhecimento para uma mulher negra e piauiense, a carta é tão forte que se mantém atual diante o contexto social brasileiro que vivemos. “Os maus tratos e violações descritas na carta guardam semelhanças com as denúncias feitas atualmente. Vejamos os casos das vinícolas no Rio Grande do Sul. Mulheres que apesar de livres permanecem vulneráveis e prezam pela integridade dos seus filhos. Veja a quantidade de feminicídios, que a maioria dos casos são mulheres pobres e pretas”.

 

Fábio Novo disse que esse reconhecimento foi um processo de muitas mãos, que começou em 1770, com a carta escrita, com a sua descoberta, com os estudos da Comissão da Verdade da Escravidão Negra, os reconhecimentos da OAB Piauí e Nacional. “Esperança Garcia foi reconhecida como uma grande heroína, como uma mulher do sertão do Piauí que emite uma luz da busca pelos seus direitos”, finalizou o deputado.

 

 

Iury Parente

 

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