Uma em cada 10 viúvas no mundo vive em pobreza extrema

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 28/06/2025 09h00, última modificação 26/06/2025 11h23
Em muitos países, mulheres enfrentam discriminação, estigmas e rejeição

Nesta semana, o mundo celebrou o Dia Internacional das Viúvas (23 de Junho). A data, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 2011, quer chamar a atenção para as experiências de mulheres que perdem não somente seus parceiros, mas também a subsistência.

 

Em todo o mundo, mais de 258 milhões de mulheres se declaram viúvas. Uma em cada 10 delas vive em extrema pobreza.

 

RD Congo e Índia


Historicamente, elas vivem sem apoio. Em alguns países, as viúvas não têm direito à herança, pensão ou meios de subsistência e ficam isoladas da seguridade social.

 

A resolução da Assembleia Geral pede a governos em todo o globo que apoiem as viúvas com informações e acessos a recursos que possam socorrê-las. Oportunidades de treinamento, educação, salário decente e acesso a linhas de crédito. Estima-se que em algumas partes da República Democrática do Congo, metade das mulheres tenham este estado civil.

 

Já na Índia, muitas viúvas são desonradas pela família, obrigadas a trabalhar no mercado informal, viver na mendicância ou a se prostituírem.

 

Caridade da família


Em alguns casos, elas também são forçadas a assumir a dívida dos cônjuges.

 

Na África e na Ásia, muitas se tornam vítimas de violência física e mental incluindo violência sexual por causa de disputas de herança e terra. Várias mulheres acabam por viver de caridade da família dos maridos.

 

Nos últimos anos, a intensificação de conflitos armados causou deslocamentos e migração. Além disso, a pandemia da Covid-19 deixou muitas mulheres viúvas.

 

Durante os fechamentos econômicos, as viúvas ficaram sem acesso a aposentadorias, contas bancárias e cuidados de saúde.

 

Em muitos países, onde existem leis de proteção aos direitos das viúvas, falhas no sistema legal acabam por comprometer os direitos delas.

 

Já em situações de pós-conflito, as viúvas devem ser parte dos processos de reconciliação e construção da paz para garantir um futuro sustentável de paz e segurança.

 

Expostas ao HIV


O Dia Internacional das Viúvas quer chamar a atenção também para práticas culturais, degradantes e até mesmo letais como parte dos ritos fúnebres e de luto.

 

Em vários países, as viúvas são forçadas a beber a água em que os cadáveres de seus maridos foram lavados. Os ritos de luto também podem envolver relações sexuais com parentes do sexo masculino, raspagem dos cabelos e auto flagelo.

 

Muitas mulheres se tornam vulneráveis no contexto do HIV/Aids em situações traumáticas de países em conflito, onde elas sofrem violência sexual, são mutiladas, estupradas ou infectadas com o HIV.


Fonte: ONU News - Imagem: ONU Mulheres