Cientista político avalia pautas no Congresso Nacional diante de medidas de Donald Trump

Duas propostas polêmicas travam o Congresso Nacional e podem ter desfecho nos próximos dias: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em entrevista à jornalista Juliana Arêa Leão no Jornal Bom Dia Assembleia do Piauí desta quarta-feria, 16, o cientista político Germano Lúcio avaliou como a tensão política provocada pela decisão do presidente norte-americano Donald Trump, ao impor tarifas de 50% a produtos brasileiros, pode influenciar diretamente nas votações no Senado e na Câmara.

Segundo Germano, o momento coloca o Congresso diante de um dilema: “Terá coragem de votar contra os trabalhadores brasileiros num cenário em que uma potência estrangeira tenta interferir na nossa soberania?”, questiona.

A proposta de isenção do IR beneficiaria cerca de 90 milhões de brasileiros com rendas entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, afetando apenas 140 mil pessoas com maior renda, dentro de uma lógica de justiça fiscal e distributiva. Já o IOF, de acordo com o analista, não atingirá o trabalhador comum, mas grandes movimentações financeiras e remessas internacionais — ou seja, as classes mais ricas.

Ainda segundo Germano Lúcio, o tarifácio de Trump atinge setores estratégicos da economia nacional, como agronegócio, aço, carne, mel, suco de laranja e café, podendo levar à perda de até 110 mil empregos no Brasil, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais. A medida, segundo ele, é mais política do que econômica, feita para fortalecer a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e tentar desestabilizar o governo brasileiro.

Contudo, alerta: a medida pode ser um tiro no pé. Estima-se que 6 mil empresas e milhares de empregos nos próprios Estados Unidos também serão afetados. “Vivemos um novo cenário de multipolaridade global, com os BRICS em ascensão. O Brasil precisa defender seus interesses com a mesma firmeza com que os EUA defendem os deles”, conclui.

Confira a entrevista na íntegra

Fonte: Bom Dia Alepi