Após 9 meses seguidos de alta, inflação recua no Brasil

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 24/07/2025 08h59, última modificação 24/07/2025 08h59
O tarifaço de Donald Trump contra o Brasil é apontado como um dos motivos de redução; saiba por quê

Após nove meses seguidos de aumento, o índice de inflação no Brasil registrou queda de 0,43% no mês de junho, puxado principalmente pela redução nos preços dos alimentos. A desaceleração trouxe alívio aos consumidores, ainda que de forma tímida. O recuo é resultado de uma combinação de fatores internos e externos, segundo especialistas.

 

Em entrevista à TV Assembleia, o economista Fernando Galvão aponta que a elevação da taxa de juros pelo Banco Central – atualmente fixada em 15% – tem sido uma das principais estratégias para conter a inflação. “Quando o Banco Central aumenta o juro, encarece empréstimos, financiamentos e compras a prazo, o que acaba reduzindo o consumo e, por consequência, a pressão inflacionária”, explica.

 

Outro fator que influenciou a queda nos preços é a incerteza no mercado internacional provocada pelo anúncio de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros feito pelo governo dos Estados Unidos. “A produção brasileira pode perder mercado nos Estados Unidos. Isso já acontece, por exemplo, nos setores de pescados, madeira e mel. Com menos exportações, sobra mais produto no mercado interno, o que aumenta a oferta e favorece a redução dos preços, especialmente dos alimentos”, detalha o economista.

 

Governo atribui queda à produtividade e à política agrícola


O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, também comentou os dados positivos. Segundo ele, além do impacto da conjuntura internacional, o desempenho agrícola teve papel decisivo. “Ampliamos a produção de arroz, frutas, verduras. Isso reduz o custo da alimentação. Com o Plano Safra, financiamos com subsídios para garantir a oferta. O Brasil está substituindo importações e produzindo mais alimentos aqui”, afirmou.

 

Dias destacou ainda que, ao contrário do ano passado, marcado pela alta nos preços, 2025 tem apresentado resultados mais eficientes no controle da inflação. “Neste mês, inclusive, a inflação de alimentos teve um dado negativo. É algo muito relevante para as famílias brasileiras”, disse.

 

Redução nos preços ainda pode demorar a chegar ao bolso do consumidor


Apesar dos dados animadores, Fernando Galvão alerta que o impacto no orçamento das famílias pode demorar a ser percebido. “Em momentos de queda, os preços caem mais lentamente do que sobem. Então, essa tendência se dilui ao longo do tempo. Estamos em compasso de espera, observando se a tendência vai realmente se confirmar no longo prazo”, pondera.

 

Enquanto isso, a orientação aos consumidores é redobrar os cuidados. “Nesse jogo de mercado, o consumidor está sempre em desvantagem. Por isso, é preciso pesquisar preços, usar as redes sociais para compartilhar informações e buscar onde há melhores ofertas. É gastar a sola do sapato para fazer o dinheiro render”, aconselha o economista.

 

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Fonte: TV Assembleia