Teresina alcança taxa de cura de 93% na hanseníase e reforça ações de conscientização

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 11/05/2025 08h00, última modificação 08/05/2025 12h50
Hanseníase é causada pelo bacilo de Hansen e pode afetar a pele e os nervos periféricos

A cidade de Teresina registra uma taxa de cura de 93,16% nos casos de hanseníase identificados, demonstrando a eficácia dos tratamentos disponíveis e do acompanhamento oferecido pelas Equipes de Saúde da Família. Esse dado foi destacado pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) durante uma sessão especial na Câmara dos Vereadores, realizada na quarta-feira(07), em que foram apresentadas informações sobre a doença. 

 

O evento contou com a participação do presidente da FMS, Charles Silveira, representantes da Diretoria de Vigilância em Saúde, membros do grupo Morhan, além de vereadores, representantes da UFPI, Conselho Estadual de saúde , da SESAPI e da Defensoria Publica.

 

Segundo Amparo Salmito, gerente de epidemiologia da FMS, a hanseníase é causada pelo bacilo de Hansen e pode afetar a pele e os nervos periféricos, levando a incapacidades físicas quando não diagnosticada precocemente. "Embora ainda cercada por mitos e estigmas, a hanseníase é totalmente curável. No entanto, continua sendo um problema de saúde pública, exigindo ações intensificadas para sua eliminação", explica.

 


Nos últimos três anos, Teresina apresentou redução no número de novos casos diagnosticados na população em geral. Em 2022: 190 casos, 2023: 196 casos e 2024: 181 casos.

 

Locais de tratamento em Teresina 


Lana Coelho, membro do núcleo de doenças negligenciadas da FMS, explica que o tratamento da hanseníase é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da FMS, onde os pacientes recebem acompanhamento regular. Em casos mais complexos, a cidade conta com os serviços especializados de Dermatologia do Hospital da Polícia Militar, Hospital Universitário e o Centro Maria Imaculada.

 

Conheça verdades e mitos sobre a doença

 

Causada por uma bactéria que atinge a pele e os nervos periféricos, a hanseníase acomete pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. De acordo com o Ministério da Saúde, o contágio só acontece após longos períodos de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece. As lesões neurais conferem à doença alto poder de gerar deficiências físicas e figuram como principal responsável pelo estigma e pela discriminação.

 

O Brasil ocupa, atualmente, a segunda posição no ranking global de países que registram novos casos de hanseníase. “Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória”, destaca o ministério. Com o objetivo de divulgar informações, a pasta lançou a campanha Hanseníase, Conhecer e Cuidar, de Janeiro a Janeiro, com ações de enfrentamento à doença ao longo de todo o ano.

 

Sinais e sintomas

 

- Manchas brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas e/ou áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e ao frio) e tátil, dolorosa ou não;

- Comprometimento de nervos periféricos (geralmente, espessamento ou engrossamento), associado a alterações sensitivas, motoras ou autonômicas;

- Áreas com diminuição de pelos e de suor;

- Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente nas mãos e nos pés;

- Diminuição ou ausência de sensibilidade e força muscular na face, nas mãos ou nos pés;

- Caroços ou nódulos no corpo, em alguns casos, avermelhados e dolorosos.

 

Transmissão


A transmissão acontece quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. O bacilo é eliminado pelas vias aéreas superiores (espirro, tosse ou fala) e não por objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário contato próximo e prolongado, sendo que doentes com poucos bacilos não são considerados importantes fontes de transmissão.

 

Diagnóstico


Os casos são diagnosticados por meio de exame físico geral dermatológico e neurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade, comprometimento de nervos periféricos e alterações sensitivas, motoras e/ou autonômicas. Casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea, e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva duvidosa, mas sem lesão cutânea evidente, devem ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade.

 

Caderneta


Ainda segundo o ministério, a Caderneta de Saúde da Pessoa Acometida pela Hanseníase, entregue no momento do diagnóstico, figura como uma ferramenta para que o paciente acompanhe e registre seu tratamento e tenha em mãos orientações sobre a doença, direitos e o autocuidado.

 

Discriminação


O estigma e a discriminação, de acordo com a pasta, podem promover a exclusão social e resultar em interações sociais desconfortáveis, que trazem sofrimento psíquico e limitam o convívio social. “Essa importante particularidade da hanseníase pode interferir no diagnóstico e adesão ao tratamento, perpetuando um ciclo de exclusão social e econômica”.

 

Mitos e verdades


Confira, a seguir, fatos e mitos sobre a hanseníase listados pelo ministério:

 

- É possível pegar hanseníase pelo abraço ou pelo compartilhamento de talhares e roupas: FALSO

- A doença é transmitida por meio de contato próximo e prolongado: VERDADEIRO

- A hanseníase é de transmissão hereditária: FALSO

- A doença é transmitida de pessoa para pessoa: VERDADEIRO

- A hanseníase pode ser curada por meio de tratamento caseiro: FALSO

- O tratamento é distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS): VERDADEIRO

- Pessoas com hanseníase devem ser afastadas do convívio familiar e social: FALSO

- A hanseníase tem tratamento e cura: VERDADEIRO

- Só transmite a hanseníase quem não está em tratamento ou o faz de forma irregular: VERDADEIRO


Fonte: FMS - Imagem: Freepik