Segurança alimentar será prioridade na Cúpula Brasil-Caribe

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 10/06/2025 08h22, última modificação 10/06/2025 08h22
Reunião começará dia 13 de junho, em Brasília

Durante todo o mês de junho é realizado o movimento nacional chamado “Junho Vermelho”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de doar sangue. O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi) é responsável pelo abastecimento de toda a rede pública hospitalar e parte da rede privada. Com a proximidade do período de férias e também das festas juninas os estoques ficam com 30% a 40% da quantidade considerada ideal, como consequência da baixa adesão de doadores neste período do ano. Por isso, o “Junho Vermelho” é uma ação fundamental para os hemocentros em todo o Brasil. 

 

“Estamos convocando os doadores e aqueles que têm intenção de doar sangue pela primeira vez para ajudar a manter o estoque. O sangue e as plaquetas são essenciais para os atendimentos de urgência e emergência”, explica o supervisor do Ciclo do Sangue, Melcíades Neto.

 

Nesse mês, o Hemopi intensifica os contatos com os parceiros tanto na capital quanto nas cidades do interior que têm unidade de coleta ou ficam no entorno delas. Empresa, igrejas, escolas e grupos da sociedade civil ajudam a dar fôlego ao estoque de sangue. Esse ano, o Dia Mundial do Doador Voluntário de Sangue, comemorado no dia 14 de junho, por cair em um sábado, será antecipado para a sexta-feira, 13 de Junho. Durante toda a semana, as quatro unidades do Hemopi estarão com uma programação especial para comemorar a data.

 

A poucos dias para a Reunião de Cúpula Brasil-Caribe, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) antecipou cinco dos pontos centrais que deverão constar do documento a ser apresentado ao final do encontro entre chefes de Estados e de governos, dia 13 de junho, em Brasília.

 

Secretária para América Latina e Caribe, do Ministério das Relações Exteriores, a embaixadora Gisela Padovan explicou nesta segunda-feira (9), em Brasília, que as reuniões prévias, com representantes dos países participantes, definiram cinco pontos consensuais do documento final:

 

  • segurança alimentar e nutricional;
  • mudanças climáticas;
  • transição energética;
  • gestão de riscos e
  • conectividade.

Até o momento, estão confirmadas as presenças de oito chefes de Estado (presidentes) e de seis chefes de governos (primeiros-ministros). Também é prevista a participação de vice-presidentes, bem como de autoridades ligadas a organismos internacionais e de países da região.

 

A diplomata lembrou que a agenda de integração entre os países da América Latina e do Caribe é prioridade para o governo Lula, uma vez que - em termos estratégicos - o presidente brasileiro sempre defende a ideia de que, de forma isolada, nenhum país vai ter condições de resolver seus problemas.

 

“Precisamos nos aproximar para unir. A representatividade [dos países da região] no mundo depende de solidez na base regional e da coordenação de posições”, argumentou a diplomata.

 

Segurança Alimentar

 

Durante a entrevista de hoje no Palácio do Itamaraty (foto), Gisela Padovan abordou, em termos gerais, como os cinco temas prioritários serão abordados no documento final.

 

A expectativa é de que, com a aproximação entre as nações, sejam obtidos avanços inclusive do ponto de vista comercial, uma vez que se trata de um mercado de 40 milhões de pessoas espalhadas por pequenos países.


Com relação ao tema segurança alimentar e nutricional, Gisela disse que - durante as reuniões prévias - foi abordado o fato de que o Brasil, com uma população pouco acima de 200 milhões de pessoas, tem condições de produzir alimentos para cerca de 1,6 bilhão de pessoas.

 

"Eles disseram que compram muita comida brasileira, mas que, por falta de rotas [comerciais portuárias], essa comida vai primeiro para os Estados Unidos [antes de chegar no destino final]. Até para fazer turismo é necessário ir, antes, a Miami”, ressaltou ao lembrar que os cinco temas prioritários podem conversar entre si.

 

Para a diplomata, o Brasil tem muito a colaborar com outras nações por meio de cooperações envolvendo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Clima, energia e riscos

 

Sobre o tema mudanças climáticas, Gisela antecipou que a ideia é apresentar um posicionamento uníssono entre os países da região, inclusive levando em conta os efeitos da subida do nível do mar para nações e ilhas situadas no Caribe.

“A transição energética está correlacionada também às mudanças climáticas”, lembrou a secretária ao associar os dois temas também à questão da gestão de riscos de desastres.

 

Durante os encontros prévios foi observado que há seis mecanismos voltados ao tema gestão de riscos de desastres. “A ideia agora é articular esses seis mecanismos para intercâmbio de informações”, sinalizou.

 

Conectividade

 

O quinto tema (conectividade) abrange não só questões de infraestrutura, visando acesso a portos por terra e mar, como, também, ampliar as conexões aéreas, aumentando o número de voos entre os países da região, favorecendo, inclusive, setores como o do turismo.

 

“Nesse ponto, damos atenção em particular para a chamada Rota 1 de integração, que prevê a ligação [via terrestre] entre Roraima e George Town, capital da Guiana”, disse a secretária ao explicar que essa conexão facilitará o acesso ao Porto de George Town “para vendermos ao Caribe, sem passar pelos Estados Unidos”. Em um segundo momento, é esperada também uma ligação similar via Suriname.

 

Haiti

 

Segundo a diplomata, um outro tema relevante, especialmente para os países caribenhos, é a "situação dramática em vários aspectos pela qual passa o Haiti”.


Ela disse que o Brasil tem prestado auxílios em áreas como segurança e construção civil, passando muito de sua expertise nesses setores. Acentuou que profissionais de segurança do Haiti estão sendo treinados por meio de parcerias com a Polícia Federal brasileira.

 

“Teremos uma reunião técnica da cúpula para encontrarmos maneiras de ajudar esse país tão importante para a região”, finalizou a embaixadora.


Fonte: Agência Brasil - Imagem: Marcello Casal Jr.