Alepi homenageia o intelectual Clóvis Moura pelo seu centenário
A trajetória intelectual e de vida de Clóvis Moura foi lembrada em sessão solene realizada nesta quarta-feira (25) na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). Por proposição da deputada Elisangela Moura (PC do B), o Parlamento homenageou o pensador piauiense que influenciou o debate sobre a questão racial em todo o Brasil e que completaria 100 anos se estivesse vivo.
“Foi um homem que jamais se calou diante das injustiças. Desde muito jovem, Clóvis Moura compreendeu que a questão racial no Brasil não era um detalhe histórico, mas um elemento estruturante da desigualdade social [...] Ele trouxe à tona a história da resistência de luta dos negros escravizados destacando que a liberdade não foi um presente, mas uma conquista com sangue, suor e esperança”, descreveu Elisângela Moura.
O presidente da Fundação Maurício Grabois no Piauí, Dalton Macambira, destacou que o piauiense de Amarante conviveu com intelectuais referência em todo o país, mantendo um diálogo influenciando e sendo influenciado por figuras como Graciliano Ramos, Sérgio Buarque de Holanda e Carlos Drummond de Andrade. “Militante engajado em movimentos sociais e em partidos políticos de esquerda, foi consagrado pela obra Rebeliões da Senzala: quilombos, insurreições e guerrilhas”, informou Macambira acrescentando que a obra serviu de contraponto a visões históricas que descrevem o Brasil como uma democracia racial, caso do pernambucano Gilberto Freyre.
Sociólogo e jornalista sempre manteve ligação com Amarante e o Rio Parnaíba
Além de destacarem a relevância de Clóvis Moura para o Brasil, os membros da mesa de honra lembraram que o homenageado sempre destacou o Piauí em sua trajetória. “Apesar de ter vivido boa parte da sua vida fora do nosso estado, como todo amarantino, sempre teve na sua cabeça as águas caudalosas do Rio Parnaíba”, falou o deputado Wilson Brandão (Progressistas).
O secretário-geral da Academia Piauiense de Letras, Elmar Carvalho, afirmou que a grandeza de Clóvis Moura enquanto historiador e sociólogo deixou o seu lado poético em segundo plano, mas a produção literária do homenageado também é referência. Ele destacou o livro Argila Branca, em que o amarantino revive a infância em sua cidade com suas lembranças e preconceitos raciais. Fato de que nunca esqueceu do Piauí, foi que Clóvis Moura pediu para que suas cinzas fossem jogadas no Rio Parnaíba, de acordo com Dalton Macambira.
As marcas do homenageado no estado são deixadas no nome do campus da Universidade Estadual do Piauí localizado no bairro Dirceu, em Teresina. No dia 20 de agosto, a Universidade Federal do Piauí vai realizar um evento que vai reunir pensadores de todo o Brasil que foram influenciados pelo pensamento de Clóvis Moura, intelectual que, segundo José Rufino, presidente do PC do B no Piauí, segue orientando debates do presente e do futuro.
Nícolas Barbosa - Edição: Katya D’Angelles