Mais de 60% das pessoas com tireoide desconhecem o problema

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 26/05/2023 07h00, última modificação 25/05/2023 12h20
Especialista explica sobre os exames e principais fatores de risco; câncer de tireoide é o 5º tipo de tumor de maior incidência no Brasil

Doenças tireoidianas como o hipotireoidismo, o hipertireoidismo e o câncer de tireoide afetam mais de 750 milhões indivíduos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60% dessas pessoas - principalmente mulheres acima de 40 anos - simplesmente desconhecem o problema, conforme estimativa da Organização. O Dia Internacional da Tireoide, lembrado no dia 25 de maio, tem entre seus objetivos conscientizar a população sobre o papel fundamental desta glândula no organismo e a importância dos exames de rotina para avaliar o seu bom funcionamento.

 

Responsável por regular todo o metabolismo, a tireoide impacta desde o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, passando por questões como fertilidade, memória, sistema cardiovascular, ciclo menstrual, colesterol, ganho ou perda de peso, funcionamento do intestino, entre outros. Exames de imagem e laboratoriais de rotina são essenciais para o diagnóstico precoce das doenças tireoidianas. Isso porque, em parte dos casos, essas enfermidades somente são identificadas tardiamente, quando já evoluíram para complicações.

 

Segundo a médica endocrinologista Flávia Pieroni, coordenadora de Provas Funcionais do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica, marca integrante da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, a investigação das doenças tireoidianas pode começar pelos exames laboratoriais, a partir da coleta de sangue. "Nesse procedimento, destacam-se os testes de TSH e os hormônios ativos T4 e T3 livres, que podem definir se a tireoide está funcionando adequadamente. E, para estabelecermos as causas do mau funcionamento da tireoide, podemos dosar os anticorpos direcionados a ela (anti-TPO, anti-tireoglobulina, TRAB e TSI). Em casos de dúvidas sobre a causa da disfunção tireoidiana, pode-se lançar mão da cintilografia de tireoide, um exame de imagem que determina se há ou não produção excessiva dos hormônios tiroidianos", explica.

 

A médica destaca também a possibilidade de realizar o ultrassom de tireoide, exame de imagem essencial para o diagnóstico dos nódulos tireoidianos, que costumam surgir, em tamanhos muito pequenos, na região do pescoço. "As características ultrassonográficas ajudam a definir o risco de um nódulo ser maligno, sendo melhor avaliado através da punção e análise citológica do material nele contido", explica Flávia, ressaltando que o diagnóstico definitivo do câncer de tireoide, entretanto, somente será determinado por meio da biópsia, material obtido em procedimento cirúrgico.

 

Alterações


A especialista explica que as principais doenças decorrentes de alterações na tireoide são de dois tipos: funcionais, quando há alteração na produção dos hormônios tireoidianos, ou estruturais, quando as alterações englobam o aumento no tamanho da tireoide, que pode ter como consequência a compressão de estruturas adjacentes (como a traqueia, por exemplo) e a presença de nódulos. "Apesar de a maioria dos nódulos representar lesões benignas, é importante descartar a hipótese de câncer de tireoide", complementa a profissional.

 

Segundo a médica Flávia Pieroni, os principais fatores de risco para o aparecimento de nódulos na tireoide são: gênero feminino (a incidência do câncer da tireoide é maior entre as mulheres), deficiência de iodo, história familiar de nódulos de tireoide e história pessoal de exposição à radiação. "Os nódulos tireoidianos, entre os quais os tumores malignos, podem ocorrer em todas as faixas etárias, mas são mais comuns acima dos 40 anos de idade, sendo mais prevalentes em mulheres (5% à palpação) que nos homens (1% à palpação). Em indivíduos adultos, essa prevalência aumenta significativamente quando o diagnóstico é ultrassonográfico, podendo variar entre 20% a 65% na população geral", observa.

 

Já no tipo funcional, a redução da produção de hormônios é chamada de hipotireoidismo. Neste caso, o paciente apresenta sintomas como diminuição da frequência cardíaca, sonolência, cansaço, queda de cabelo, prisão de ventre, entre outros. Já quando a glândula aumenta sua produção de hormônios, tem-se o hipertireoidismo, caracterizado pelo aumento da frequência cardíaca, sudorese, nervosismo, perda de peso e tremores, entre outros sintomas.

 

Para a médica, a principal recomendação para prevenção das alterações da tireoide, tanto para seu adequado funcionamento, quanto para prevenção do surgimento de nódulos tireoidianos, é a ingestão adequada de iodo. "O iodo, no nosso meio, é fornecido através do sal de cozinha e também está contido em alguns alimentos, como os peixes e frutos do mar, gema de ovo e laticínios. As necessidades de iodo aumentam na gestação e na amamentação. Mas vale lembrar que o excesso crônico de iodo também pode trazer malefício, como o hipertireoidismo e tiroidites", encerra.

 

Texto Original Estado de Minas

 

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Fonte: Estado de Minas

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Edição: Site TV Assembleia