Banco Mundial propõe combate ao racismo na educação

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 26/05/2023 07h15, última modificação 25/05/2023 13h16
O estudo aponta que em 10 países da América Latina, inclusive o Brasil, crianças e jovens afrodescendentes enfrentam oportunidades desiguais na educação

Um novo estudo do Banco Mundial, realizado em 10 países da América Latina, inclusive o Brasil, revela que crianças e jovens afrodescendentes enfrentam oportunidades desiguais na educação.

 

Eles recebem um ensino de menor qualidade e obtêm resultados de aprendizagem piores. Entre esses estudantes, é maior a probabilidade de abandonar o sistema educacional precocemente. E, ao chegarem ao mercado de trabalho, conquistam retornos muito menores em relação aos anos investidos em educação.

 

Dobro da média


Na América Latina, há aproximadamente 34 milhões de descendentes de africanos em idade escolar. Quase um em cada cinco abandona o sistema educacional antes de concluir o ensino fundamental, o dobro da média da região.

 

Além disso, afrodescendentes com 25 anos ou mais representam um quarto da população latino-americana. Porém, somente 12% das pessoas com ensino superior são afrodescendentes.

 

Flavia Carbonari, coautora do estudo "Inclusão afrodescendente na educação: uma agenda antirracista", explica de que forma as escolas se tornam um ambiente hostil a crianças e jovens negros.

 

Dinâmicas que refletem racismo


“Isso vai desde o tratamento dado por professores e dinâmicas, entre os próprios alunos, que refletem o racismo que ainda persiste na nossa sociedade, como na maneira como os afrodescendentes são representados nos livros didáticos, que raramente representam as contribuições e aspirações da população.”

 

Nesses livros, os afrodescendentes normalmente são associados a ocupações em música, dança e esportes, assim como em trabalhos rurais, manuais ou industriais. Ou seja, atividades que tendem a ter baixa qualificação e salários menores. As publicações também costumam ignorar as contribuições de negras e negros para a história, a economia e a sociedade.

 

O relatório do Banco Mundial afirma que em salas de aula, há uma falta geral de discussões abertas sobre o racismo. Quando existem, a maioria dos países estudados retrata o racismo como algo que acontece em “outro lugar”, como os Estados Unidos ou a África do Sul.

 

Inclusão digital


Segundo o relatório, as representações discriminatórias nos livros didáticos e na dinâmica da sala de aula podem contribuir para taxas mais altas de abandono escolar, limitando as opções de carreira na vida adulta.

 

Para reverter esse quadro, o estudo apresenta várias recomendações. Para começar, medidas para erradicar os obstáculos econômicos que impedem esses estudantes de prosperar academicamente.

 

Outro ponto importante é promover a inclusão digital. Criar livros didáticos racialmente inclusivos e apoiar a formação de professores serão essenciais para eliminar a discriminação racial na sala de aula.

 

E, para além dos anos de ensinos fundamental e médio, investir na inclusão étnico-racial no mercado de trabalho e apoiar a formação continuada de afrodescendentes.

 

Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil.

 

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Fonte: ONU News

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Edição: Site TV Assembleia