15,5 milhões de brasileiros se autodeclaram LGBTQIA

por Antônio Luiz Moreira Bezerra publicado 23/09/2022 08h05, última modificação 22/09/2022 19h22
'Pesquisa do Orgulho', mostra 9% da popualação se autodeclara LGBTQIA, percentual acima do apontado pelo IBGE

A "Pesquisa do Orgulho", realizada pelo Datafolha e divulgada esta semana, aponta que 9,3% da população brasileira se identificam como LGBTQQIA, o que corresponde a 15,5 milhões de brasileiros.

 

Destes, apenas 37% concordam totalmente que têm o respeito da sociedade e 57% indicam sofrer algum tipo de discriminação, preconceito, intolerância. A pesquisa faz um levantamento da população LGBTQIA e traça um perfil desse grupo.



O número de pessoas que se autodeclaram homossexuais ou bissexuais foi bem menor no primeiro levantamento realizado pelo IBGE, em maio. Segundo o IBGE, 2,9 milhões de pessoas, 1,9% da população brasileira, declararam-se homossexuais ou bissexuais. No entanto, o levantamento do Datafolha aponta um número cinco vezes maior.

 

No estudo do Datafolha, dos entrevistados que não se identificaram como LGBTQIA, 85% afirmaram que respeitam quem pertence à comunidade. Entretanto, quando perguntados se eram a favor que pessoas LGBTQIA tivessem os mesmos direitos que pessoas cis, o percentual caiu para 78%, e apenas 53% acha comum demonstrações públicas de afeto entre casais do mesmo gênero/sexo.

 

“A gente se juntou ao Datafolha justamente porque a gente queria ter números que fossem de fato consistentes, que pudessem ser auditados e a gente fez uma pesquisa gigante, no Brasil todo”, declarou Cris Naumovs, consultora de inovação e diversidade e parceira da marca Havaianas, no evento de divulgação a pesquisa. “É muito importante que outras marcas olhem para isso e usem esses números, criem politicas a partir deles”, completa.

 

Mercado de trabalho

 

Uma das áreas abordadas pela pesquisa foi o ambiente de trabalho. Cerca de 70% dos entrevistados LGBTQIA sentem que não são avaliadas apenas pelas suas qualificações profissionais. Além disso, 62% do grupo que se identifica como LGBTQIA não falam da sua orientação sexual ou de gênero no trabalho, 58% afirma que tiveram que se adaptar ao mercado informal e 40% sentem-se rejeitados pelo mercado de trabalho.

 

No Brasil, 90% da população trans tem como fonte de renda a prostituição, quase sempre devido ao preconceito e à falta de oportunidade em trabalhos formais. Além disso o Brasil é, pelo quarto ano seguido, o país que mais mata trans e travestis no mundo.

 

“Eu fiquei muito feliz quando eu desci do carro e vi uma menina trans ali na porta. Eu acho que é sobre isso, ter pessoas trans no mesmo ambiente que eu tiver. Eu quero chegar em uma loja, eu quero ver uma trans me atendendo, quero chegar em um consultório dentário e ver uma trans dentista, uma trans advogada. Falta isso”, afirmou Pepita. “Acho que eu e milhões de pessoas não estamos à procura de visibilidade, estamos à procura de oportunidade”, completou.

 

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Fonte: Correio Brasiliense

Imagem: Reprodução/Freepik

Edição: Site TV Assembleia