Intolerância x alergia ao leite

por Ângela Núbia Carvalho Sousa publicado 23/05/2022 21h15, última modificação 23/05/2022 21h15
Embora o responsável pelos problemas seja o leite, as duas condições têm sintomas, evolução e tratamentos completamente distintos

É muito comum as pessoas confundirem intolerância à lactose com Alergia à Proteína do Leite de Vaca, (APLV). Embora o leite seja o vilão das duas condições clínicas, “o mecanismo pelo qual acontecem assim como os sintomas, evolução e tratamento são totalmente distintos”, enfatiza a gastroenterologista pediátrica do Sabará Hospital Infantil, Dra. Cristiane Boé.

“Nos intolerantes à lactose, a produção de uma enzima chamada lactase, que tem a função de quebrar o carboidrato do leite (lactose) em dois açúcares menores, chamados de galactose e glicose, é deficiente.”

Dessa forma, “o açúcar que deveria ser absorvido no intestino delgado vai direto para o intestino grosso e lá sofre a ação das bactérias da flora intestinal, causando a produção exagerada de gases e, por consequência, o aparecimento dos sintomas”, acrescenta ela.

 

Fórmulas disponíveis no mercado

“Para os pacientes com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), há diversas fórmulas lácteas com a proteína do leite hidrolisada, ou seja, a molécula é quebrada em substâncias de menor peso molecular ou em aminoácidos, que são toleradas pelos alérgicos”, ensina a alergista do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Ana Carolina Rozalem Reali.

“Mesmo assim, é sempre fundamental ler não só os rótulos dos alimentos para saber qual é a composição do produto, mas também a bula dos produtos, porque vários deles incluem lactose em sua fórmula.”

Por outro lado, a gastroenterologista pediátrica do Sabará Hospital Infantil, Dra. Cristiane Boé, acrescenta que as fórmulas para as pessoas com intolerância preservam a composição proteica e gordurosa, porém não contêm o carboidrato lactose, diminuindo assim a fermentação no intestino grosso e, por consequência, o aparecimento dos sintomas.

Segundo a médica, os sintomas costumam surgir de 30 minutos a duas horas após a ingestão excessiva de leite e seus derivados, sendo os mais comuns “distensão abdominal, diarreia explosiva, náuseas, vômitos, cólicas, assaduras e algumas vezes, constipação”, enumera.

Estima-se que 15% a 20% da população mundial tenha alguma dificuldade em digerir ou metabolizar determinado alimento e isto é mais comum em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável (SII), adverte a alergista do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Ana Carolina Rozalem Reali.

“Quando há intolerância, a quantidade de alimento envolvido é proporcional à reação. Isso significa que quanto maior a ingestão de leite e seus derivados, mais intensos serão os sintomas.”

 

O que de fato muda no cardápio alimentar?

A restrição do consumo de leite e derivados nas crianças com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) pode gerar falta de cálcio no organismo. Por isso, os alérgicos precisam redobrar a atenção com a dieta alimentar para suprir a necessidade deste mineral.

“Uma dica é consumir vegetais de cor verde-escura, como brócolis, couve, agrião, mostarda, além de repolho, nabo e peixes”, orienta a gastroenterologista pediátrica do Sabará Hospital Infantil,
Dra. Cristiane Boé.

A especialista acrescenta que feijão, ervilha, tofu, amêndoas, nozes, gergelim, certos temperos (manjericão, orégano, alecrim, salsa) e ovos também funcionam como fontes de cálcio.

No entanto, a alergista do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Ana Carolina Rozalem Reali, avisa que, geralmente, só a ingestão desses alimentos não é suficiente para suprir a necessidade de cálcio na alimentação dos alérgicos.
“A fórmula hidrolisada contém a quantidade necessária de cálcio que haveria no leite de vaca, mas se o paciente não ingerir estas fórmulas, pode haver necessidade de suplementação porque só a alimentação não láctea é insuficiente.”

Para as crianças menores de seis meses de idade, a Dra. Cristiane alerta que a substituição de fórmulas lácteas pelas de origem vegetal não são recomendadas.

“Nos bebês maiores de seis meses de idade, existe a opção da soja. Porém, hoje, temos fórmulas mais adequadas, com a proteína do leite de vaca extensamente hidrolisada e as fórmulas de aminoácidos, para os casos mais graves, que são dispensadas pelo governo.”

Para os indivíduos intolerantes, é importante ressaltar que o mercado já oferece diversos produtos sem lactose, como queijos, requeijão, iogurtes, leites, biscoitos, pães, bolos, entre outros.

“As bebidas vegetais são interessantes para substituir o leite de vaca em algumas receitas, como bolos, pães e outras preparações. ”Entretanto, a alergista ressalta que as bebidas vegetais não contêm a quantidade de calorias, cálcio e outros nutrientes necessários para o crescimento do lactente. “Além disso, elas contêm quantidades altas de metais pesados, como arsênico no leite de arroz ou íons inorgânicos.”

O uso de probióticos ou alimentos contendo probióticos pode trazer benefícios para os portadores de intolerância à lactose, já que essas bactérias iniciam a “quebra” da lactose, melhorando a digestão do alimento.

Algumas cepas probióticas têm efeito favorável melhorando os sintomas de pacientes com intolerância à lactose secundária, como dor abdominal, diarreia e absorção da lactose. O ideal é a indicação do médico e/ou nutricionista para utilizar alguma dessas substâncias.

“Enquanto os intolerantes à lactose podem até conseguir consumir pequenas quantidades de leite e derivados sem apresentar sintomas, o alérgico à proteína do leite de vaca não deve entrar em contato nem com os traços desta proteína, já que isto pode ser suficiente para desencadear reações gravíssimas”, alerta a alergista.

“A alergia ocorre quando o sistema imunológico do indivíduo ataca a proteína do leite erroneamente como se ela fosse maléfica ao organismo. Como o sistema imunológico é muito complexo, o quadro clínico da alergia ao leite também varia muito e pode incluir reações graves, como anafilaxia, dermatites, esofagites e até proctite.”

A Dra. Cristiane acrescenta que os sintomas podem ser súbitos, entre eles, irritabilidade, cólica, choro intenso e recusa alimentar, como também agudos ou insidiosos, predominando vômitos, diarreia, má absorção, retardo do crescimento e/ou sangue nas fezes.

No Brasil, estima-se que 2% das crianças sofram de APLV. Embora os dados sejam próximos aos reportados pelo mundo, a Dra. Ana Carolina ressalta que as estatísticas variam muito entre as regiões geográficas.

“Não se sabe ao certo se há um aumento na incidência das alergias provocado por hábitos da vida moderna ou se há apenas um aumento nos diagnósticos.”

Segundo ela, a alergia tem início na infância e menos de 10% dos casos persistem até a vida adulta. “Sendo assim, a incidência em adultos é desprezível”, enfatiza.

 

Eliminar o leite é suficiente para tratar as doenças?

Por serem patologias diferentes, o tratamento da intolerância e da alergia também precisam ser distintos. “Na maior parte dos casos, o indivíduo com intolerância à lactose não precisa eliminar todos os derivados do leite da dieta alimentar”, afirma a médica do Sabará Hospital Infantil. “Embora o quadro não tenha cura, alguns pacientes conseguem tolerar pequenas quantidades de lactose sem manifestar sintomas clínicos.”

Outra opção é utilizar produtos com a enzima lactase, que auxiliam na digestão do açúcar do leite e seus derivados. Segunda informa a Dra. Ana Carolina, eles têm apresentações em pó, comprimidos ou na forma líquida, devendo ser ingeridos antes do consumo de alimentos contendo lactose.

“Já o tratamento do paciente com APLV consiste na retirada de todos os alimentos que contenham a proteína do leite de vaca logo após o diagnóstico da doença para que ocorra a completa remissão dos sintomas”, orienta a alergista da ASBAI.

“Até o compartilhamento de talheres, que não foram bem lavados após manipular alimentos com leite, pode causar reações graves na criança. Entretanto, o quadro tende a se resolver até o primeiro ano de vida. ”De acordo com a especialista, a reintrodução desses alimentos acontece de forma gradativa e com orientação médica.

Fonte: Guia da Farmácia
Imagem: shutterstock  

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