Deputados reagem à ofensa de Mão Santa a Regina Sousa

por paulo — publicado 04/04/2022 14h50, última modificação 04/04/2022 14h50
"Uma fala com intolerância religiosa e isso nós não podemos permitir", afirmou Franzé Silva

Deputados estaduais repudiaram a declaração do ex-governador e prefeito de Parnaíba, Francisco de Assis de Moraes Souza, o "Mão Santa", que afirmou que uma "macumbeira" assumiu o governo do Piauí. Franzé Silva (PT) e Henrique Pires (MDB) propuseram "voto de repúdio"  contra Mão Santa,  aprovado pelo Plenário. O petista afirmou que a fala foi “racista, contra uma mulher pobre, mulher honesta, mulher com história. Uma fala com intolerância religiosa e isso nós não podemos permitir”. Fábio Novo (PT) argumentou que a fala de Mão Santa é machista, racista e deixa explícita a ideia de que religiões africanas e seus seguidores são ruins.

Henrique Pires disse que as pessoas podem discordar de Regina Sousa, no entanto, ela deve ser respeitada. “A partir do momento em que você desrespeita a governadora, você está desrespeitando o Estado do Piauí”. Acrescentou, ainda, que a retratação não deve ser somente à governadora, mas a toda religião de matriz africana. Evaldo Gomes (Solidariedade) declarou que “é lamentável a atitude e a ignorância e a estupidez que o Mão Santa fez com a nossa governadora Regina Sousa. Ela tem uma história brilhante”. Nerinho (PT) disse que a atitude do ex-governador é repleta de “pensamentos retrógrados”.

Carlos Augusto (MDB) foi mais um parlamentar que repudiou a fala do atual prefeito de Parnaíba: “uma estupidez que vem de um representante do povo. [...] O que existe é discriminação”. Teresa Britto (PV) relatou que foi triste ver a tentativa de rebaixar a governadora também por ela ser mulher. “Será que uma mulher negra, pobre, não pode chegar à instância máxima de governar o Piauí? Será que é só para os brancos, para os homens? As mulheres não podem chegar ao poder?”, questionou.

Representantes de religiões de matriz africana estiveram presentes no plenário da Alepi, acompanhando as manifestações dos parlamentares e a votação da nota de repúdio. Pai Eudes de Oxum Apará, pai de santo da Tenda de Santa Luzia, disse que “nós acreditamos que juntos conseguiremos mudar essa realidade que o nosso país vive. Vivemos esses problemas há um bom tempo, com os terreiros sendo atacados. Vamos acionar a justiça, pois ele [Mão Santa] precisa pagar por esse crime. Cometeu crime de intolerância religiosa, discriminação, misognia, entre outros”.

Iury Parente - Edição: Katya D'Angelles